A Venezuela pagou a parcela de US$ 262 milhões (cerca de R$ 850 milhões) da dÃvida com o Brasil, vencida em setembro, com isso, evitou a formalização de um calote.
O pagamento foi acertado nesta segunda-feira (8) e ocorreu por meio da transferência de valores que a Venezuela tem como cotista do FMI (Fundo Monetário Internacional) para o Brasil.
Todos os paÃses que são membros do Fundo - casos de Brasil e Venezuela - têm cotas, que representam uma parcela financeira do capital total do FMI.
Essa foi a alternativa encontrada pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central para viabilizar o pagamento, uma vez que a Venezuela tem contas bloqueadas nos EUA e também tem pagamentos a fazer para China, Rússia e Japão.
Na noite desta terça-feira (9), o governo brasileiro esperava superar as últimas dúvidas técnicas levantadas pelo Fed (banco central dos EUA) para consumar a transferência e, assim, trazer os recursos para o paÃs.
Com o dinheiro, o governo pagará parcelas devidas ao BNDES, ao Credit Suisse e ao Bank of China por financiar operações de exportadores brasileiros ao vizinho, principalmente construtoras.
E, dessa maneira, evitará que os bancos acionem o FGE (fundo garantidor de exportações), obrigando o Tesouro Nacional a honrar os pagamentos da Venezuela, como já está ocorrendo com Moçambique.
No dia 15 de dezembro, o governo pagou R$ 124 milhões ao BNDES a tÃtulo de ressarcimento pelo calote da primeira parcela, de US$ 22,4 milhões, de Moçambique. O total da dÃvida do paÃs africano é de US$ 483 milhões (R$ 1,5 bilhão).
No caso da Venezuela, embora tenha evitado a configuração do calote neste momento, o paÃs está longe de uma solução permanente. A segunda parcela venceu nesta segunda-feira (8) e não foi paga. Os recursos do paÃs no FMI não são suficientes para bancar a dÃvida total com o Brasil.
O BNDES e bancos privados têm a receber US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões) da Venezuela -mais da metade desse valor em 2018.
Caso o paÃs não pague, a dÃvida recairá sobre o Tesouro Nacional, que é o fiador das exportações por meio do FGE.
A Venezuela foi o segundo principal destino de financiamento público a obras de construtoras no exterior, executadas por empreiteiras envolvidas na Lava Jato, como Odebrecht e Andrade Gutierrez. O primeiro destino foi Angola, cuja dÃvida total com o Brasil soma US$ 1,97 bilhão.
Todas essas operações foram seguradas pelo FGE. Com informações da Folhapress.